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[free] - 458 - Números ASSUSTADORES da Economia AMERICANA. BOOM ou RECESSÃO?

A confusão entre números conflitantes do desemprego e criação de vagas de trabalho podem fazer o Fed ficar em uma situação insustentável com os juros

A economia americana voltou a ser o centro das atenções com uma série de dados aparentemente positivos, mas que levantam mais dúvidas do que certezas. Afinal, estamos vivendo um boom ou às portas de uma recessão? Essa é a pergunta que tem dividido investidores, analistas e até mesmo economistas renomados. O objetivo deste artigo é mostrar os dois lados da moeda e revelar o que realmente está por trás dos números que tanto impactam os mercados.


Desemprego em queda e criação de empregos: a manchete perfeita

O Departamento de Emprego dos Estados Unidos divulgou um dado animador: criação de 147 mil empregos em junho e uma taxa de desemprego que caiu para 4,1%, surpreendendo os mercados que esperavam 4,3%. Esse dado por si só impulsionou os mercados financeiros.

O SP500 subiu, o Bitcoin foi para perto dos 110 mil reais e os analistas começaram a falar de uma economia em recuperação, mesmo em meio a tarifas e tensões políticas.

Mas como quase tudo em macroeconomia, o diabo está nos detalhes.


ADP mostra o oposto: queda de 33 mil empregos no setor privado

Um dia antes da divulgação do número “positivo” do payroll, a ADP (empresa que mede a geração de empregos no setor privado) divulgou uma contração de 33 mil postos de trabalho. Ou seja, enquanto o governo mostrava um cenário de recuperação, os dados do setor privado indicavam retração.

Esse contraste revela um problema de confiança nos dados oficiais. Como dois números, divulgados com um intervalo de menos de 24 horas, podem contar histórias tão diferentes?


Empregos governamentais distorcem o retrato da economia real

Segundo o economista Peter Schiff, quase metade dos empregos criados são cargos governamentais, ou seja, não produtivos. São empregos mantidos por gastos públicos e não pela atividade econômica privada. Isso significa que o PIB americano continua sendo sustentado por déficits fiscais crescentes, e não por uma recuperação real da produtividade.

Essa visão também foi compartilhada por Adam Taggart, que destacou a inconsistência dos dados e a sensação de que os mercados estão vivendo uma realidade paralela.


O mercado aposta: Fed não vai cortar juros tão cedo

A expectativa de corte de juros pelo Fed caiu drasticamente. Antes da divulgação desses números, o mercado de apostas estimava uma chance de 75% de manutenção da taxa. Após os dados, esse número saltou para 94%. Isso reforça a narrativa de que o Fed seguirá com juros altos por mais tempo (higher for longer), mesmo sob ataques diretos de figuras como Donald Trump, que insiste que a inflação já foi controlada e que é hora de cortar juros.

Trump, inclusive, tem pressionado Jerome Powell publicamente, acusando-o de inércia e até ameaçando investigações caso o presidente do Fed não mude sua postura.


A narrativa descola da realidade

Mesmo que a economia real apresente sinais de fraqueza, os mercados seguem em alta. Isso é um reflexo direto da desconexão entre fundamentos e narrativa. Como destacou Jeff Snider, a liquidez e os estímulos são hoje mais relevantes para o comportamento dos ativos do que os dados de atividade econômica.

Enquanto isso, investidores que focam nos fundamentos podem se ver cada vez mais fora de sincronia com o mercado, justamente porque os preços refletem mais expectativas do que realidades. Essa é a lógica da Matrix: narrativas e percepções movem o mercado, e não os fatos em si.


Conclusão: dados divergentes, mercado em alta e tensão crescente

Estamos diante de mais um capítulo da novela que envolve o Fed, o governo americano e o futuro da economia global. O desemprego caiu, mas o setor privado está perdendo força. Os mercados sobem, mas os fundamentos estão cada vez mais frágeis. E no meio disso tudo, o Fed parece imobilizado, enquanto Trump aumenta a pressão política.

Tudo isso aponta para um cenário altamente instável, onde decisões de política monetária estão sendo moldadas por forças externas e contraditórias. Saber navegar por essas águas exige não apenas atenção aos dados, mas uma leitura crítica das narrativas que os cercam.

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