Se você já me acompanha aqui no OmniMacro, sabe que eu falo com frequência sobre o mercado de títulos americanos — e não é à toa. A curva de juros dos Treasury Bonds define, em boa parte, a liquidez do sistema financeiro global. Hoje, quero te ensinar como interpretar os leilões de bonds, com base no mais recente leilão de 30 anos ocorrido em 12 de junho de 2025. Esse conteúdo é mais técnico, mas absolutamente essencial para quem quer entender o funcionamento do sistema sem depender de manchetes apocalípticas ou narrativas rasas.
Por que o bond de 30 anos é importante?
O título de 30 anos é o mais longo da curva e, por isso, também o mais volátil. É chamado de “chicote” justamente por reagir com força às variações nas expectativas de juros de longo prazo. Ele não é tão utilizado como colateral em operações de repo, então tem uma função mais simbólica: sinaliza o apetite por risco e confiança no futuro fiscal dos EUA.
Nos últimos meses, o Tesouro vinha priorizando a emissão de T-Bills (curto prazo), justamente por serem altamente demandados como colateral — especialmente fora dos EUA. Já os bonds de longo prazo vinham sendo evitados, o que criou uma expectativa negativa em relação ao sucesso desse leilão recente. Afinal, quem iria querer emprestar dinheiro ao governo americano por 30 anos com todo o ruído político, fiscal e geopolítico atual?
Mas o que aconteceu foi o contrário
O leilão surpreendeu. A demanda foi sólida. Muito sólida. E o silêncio no Twitter após o resultado mostrou isso. Quando os números não confirmam a narrativa do caos, os especialistas desaparecem. Vamos aprender a analisar juntos.
Como interpretar um leilão de bonds
Para acessar os dados: